Janelas do Porto

Janelas abertas, mesmo até desertas
Dão ao Porto tanta graça
Porque os cortinados, como namorados
Dizem sempre adeus a quem lá passa
E p'la noite fora brilhando hora a hora
Numa fantasia que seduz
O Porto é um tesouro, cravejado a ouro
Com rubis feitos de luz

Porto dos bairros velhinhos
Das tripeirinhas singelas
Dos telhados pobrezinhos
Janelas, lindas Janelas

E mal rompe a Aurora, vai p'la rua fora
O cortejo da alegria
São mãos calejadas, pobres mas honradas
Que partem p'rá faina dia a dia
E quando à tardinha tudo se encaminha
Da faina da vida para o lar
A noite aparece, o Porto adormece
Cansado de trabalhar